2 de julho de 2005

Quem nunca toma mé...


Pernambuco bebendo para o mundo
Giovanni Soares

Na minha última visita ao meu cardiologista, sem querer querendo fui chegando assim de mansinho me enchi de coragem e inquiri: "Doutor, fim de ano tá aí, posso 'brindar' com vinho, whiskie ou Vodka?"

O doutor, gente boa pracarai, e que só é chato em relação ao cigarro, disse que eu podia 'brindar', e que o problema com álcool era se fosse intenso, ou aceso, numa garrafa plástica, por uma criança. Noutras palavras, eu posso até tomar uma (uma mesmo, não mais que isso) de vez enquando, desde que com moderação, e não reserve todos os meus possíveis tragos devezenquandais para um dia só, e que o problema fundamental era evitar o salgadinho...

Falar em beber de uma vez só, isso me alembrou o caso de Socorro. Uma simpática senhora oriunda das bandas do Sertão do Fiofó, de onde o mala Marcelo Vai Tomar no Cu escreve um blog sobre as notícias do cu do mundo.

Pois a danada nunca tinha bebido, e, embora fosse super gente fina (na simpatia, pq era gordinha até umas horas) vivia enchendo a paciência de Zé, seu marido, por causa de cachaça. A culpa nunca podia ser de Zé, mas do pai de Zé, já que esse cidadão chamava-se, e ainda chama-se, espero, Zé Dionísio, ou seja, a versão Grega pra sempre cultuado em Roma, Baco, deus do Vinho.

Embora não houvesse Culto a Baco, ou cu tabaco como sugere o pleonasmo formado, as cachaças bebidas naquela casa eram divinais.

Certo dia, mais precisamente uma terça feira de carnaval, num é que Socorro inventou de encher a lata com uma garrafa de Teachers, que estava solitária e carente em cima da mesa! Resultado, ficou Socorro sendo socorrida pela mãe, irmã e presentes, dando um vexame daqueles, e levando baldes e mais baldes de água, detalhe é que, no agreste e sertão, água geralmente deixa a sensação térmica bem mais abaixo do que é normal.

A boa parte foi que a mulher se transformou. Gritava aos quatro cantos, entre gargalhadas homéricas, que "não sabia que ficar beba era tão bom", e que "se soubesse que um 'titchizinho' (como lhe saía pronunciado o nome da nobre marca escocesa) era tão bom, nunca teria brigado com seu marido por causa de cachaça..."

É como diz o ditado: "quem nunca toma mé, quando toma só abusa..."

A quarta feira de cinzas foi de uma ressaca hercúlea para aquela mulher, mas, dito e feito, nunca mais ela xingou Zé Dionísio por causa da danada da cachaça.

Bota um "brindezinho" pra mim aí, siminino!



Giovanni Soares é papudinho aposentado pelo INSS e ex-presidente do SINPAP. Este texto também foi publicado no blog do autor, Pernambuco Bebendo Pelo Mundo.

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