26 de fevereiro de 2008

A Saga de Elisnaldo

Márcio Araújo Jr.

Eis que estou na central de registro civil, uma espécie de central de cartórios, depois de peregrinar por quatro cartórios. Eram quase 11 da manhã. Fui atendido prontamente. Entreguei toda a papelada e comecei a esperar.

Um pouco depois chega um caboclo para registrar os "bruguelos" dele. Ele vestia uma camisa tipo "furta cor", calça social e boné de candidato a vereador. Sentou-se na cadeira em frente à atendente. Iniciou-se então um prosaico diálogo.

Atendente: "Qual o nome do primeiro?"

Caboclo: "Ualisson".

Atendente: "Como é que o Senhor quer que eu escreva Ualisson?"

Caboclo: "Sei não. Do jeito que a Senhora escrever pra mim tá bom."

Atendente: "Mas meu Senhor, se escrever do jeito que eu quero, pode haver problemas, por exemplo, a sua esposa pode não gostar."

Caboclo: "Eu não sei não, Senhora. Do jeito que a Senhora escrever Ualisson pra mim tá bom. Ela [a esposa ausente] é quem quer."

Atendente: "Tudo bem. Eu vou escrever do jeito que se pronuncia." Advertiu.

Atendente: "E o segundo? Como é o nome?"

Caboclo: "Antônio Fulustrequinho Júnior."

Atendente: "Mas Júnior por quê?"

Caboclo: "Ela (a esposa) é quem quer."

A esta altura do campeonato, todos na sala acompanhavam a discussão.

Atendente: "Mas, o seu nome é Elisnaldo? O filho é seu? Pra eu colocar Júnior no final do nome, eu teria que colocar Elisnaldo Não Sei Das Quantas Júnior. Entendeu Senhor?"

Então fez-se o silêncio na sala. Todos acompanhando a sina de Elisnaldo. Ele pára. Coça a cabeça, olha para os lados. Então, eis que surge a indagação que pertubava Elisnaldo.

Caboclo: "Mas ela quer Antônio Fulustrequinho Júnior!"

Atendente: "Quem é Antônio Fulustrequinho?

Caboclo: "É... É meu pai."

Atendente: "Ah, então tá resolvido. O nome será Antônio Fulustrequinho Neto. Certo?"

Caboclo: "Mas ela quer Antônio Fulustrequinho Júnior!"

A atendente torna a explicar que isso não seria possível. Até que Elisnaldo pára, pensa e conclui:

- Tá bom. Quer dizer que Júnior não pode? Neto pode? Então bota Neto. Ela (a esposa) não vai gostar.

E todos foram felizes pra sempre.

Um comentário:

Giovanni Gouveia disse...

Isso lembra a hist´ria de um cidadão:

_Prazer, A A Arnaldo

- O seu pai era gago?

- Era, e o tabelião um feladaputa...